Era cortante aquela dor. Queria um pouco mais de doçura. Um
pouco mais de compreensão. Mas eu nunca fui boa nisso. Até as palavras fogem de
mim agora. E no meu mundo sinto-me só. Nada é o bastante. A raiva nunca passa. Apenas
se transfere. Ultimamente já não durmo amaldiçoando a vida. A mesma que quero
viver. Olho o contorno cortante do espelho e me pergunto se eu teria coragem.
Choro por culpar a mim mesma. Se eu não sorrio é por minha culpa. Se você não
sorri a culpa deve ser minha também. Eu queria esquecer minhas angústias, mas
elas só se acumulam dentro de mim. Eu as confronto sob todas as perspectivas e
ainda assim a solução me foge por entre os lábios. Às vezes eu procuro um ‘eu
te amo’ em um abraço ou em uma conversa, mas ele nunca vem. Em alguns momentos
posso vê-lo, mas ele quase nunca me alcança, pois meu escudo o repele. Uma
palavra me machuca. Um olhar ‘errado’... Eu não consigo respirar nesse corpo.
Vejo as pessoas partindo, voltando para suas próprias vidas. Pouca gente fica. Às
vezes me pergunto se restou alguma porta pra mim. Sono, esquecimento, loucura e
morte? Passei por todas e nenhuma delas. Estou no limbo. Trancada. Sufocada.
Exausta. Nenhuma mão vai me salvar. Eu estou a beira do precipício. Mas está
escuro, ninguém pode me ver.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
sábado, 5 de julho de 2014
Bloqueio
No silêncio da noite as primeiras palavras vindas a mente
começam a ser escritas. Apenas o barulho das teclas quebra ocasionalmente
aquela quietude. Há sentimentos transbordando. Medo. Angústia. Felicidade.
Amor. Paz e guerra no mesmo corpo. Poucas palavras que os expressem.
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