quarta-feira, 9 de julho de 2014

Fluxo

Era cortante aquela dor. Queria um pouco mais de doçura. Um pouco mais de compreensão. Mas eu nunca fui boa nisso. Até as palavras fogem de mim agora. E no meu mundo sinto-me só. Nada é o bastante. A raiva nunca passa. Apenas se transfere. Ultimamente já não durmo amaldiçoando a vida. A mesma que quero viver. Olho o contorno cortante do espelho e me pergunto se eu teria coragem. Choro por culpar a mim mesma. Se eu não sorrio é por minha culpa. Se você não sorri a culpa deve ser minha também. Eu queria esquecer minhas angústias, mas elas só se acumulam dentro de mim. Eu as confronto sob todas as perspectivas e ainda assim a solução me foge por entre os lábios. Às vezes eu procuro um ‘eu te amo’ em um abraço ou em uma conversa, mas ele nunca vem. Em alguns momentos posso vê-lo, mas ele quase nunca me alcança, pois meu escudo o repele. Uma palavra me machuca. Um olhar ‘errado’... Eu não consigo respirar nesse corpo. Vejo as pessoas partindo, voltando para suas próprias vidas. Pouca gente fica. Às vezes me pergunto se restou alguma porta pra mim. Sono, esquecimento, loucura e morte? Passei por todas e nenhuma delas. Estou no limbo. Trancada. Sufocada. Exausta. Nenhuma mão vai me salvar. Eu estou a beira do precipício. Mas está escuro, ninguém pode me ver.

sábado, 5 de julho de 2014

Bloqueio

No silêncio da noite as primeiras palavras vindas a mente começam a ser escritas. Apenas o barulho das teclas quebra ocasionalmente aquela quietude. Há sentimentos transbordando. Medo. Angústia. Felicidade. Amor. Paz e guerra no mesmo corpo. Poucas palavras que os expressem.