quarta-feira, 29 de junho de 2016

Honestidade

Há algum tempo venho sacrificando a mim mesma em prol de ser uma adulta. Demorei um tempo para perceber isso. Mas um dia eu parei, olhei bem para mim mesma e pensei em quanto eu havia mudado. Me orgulhei do meu “amadurecimento” por um tempo, mas a verdade é que nem tudo foram flores. Onde estavam meus momentos de abstração? De sonhos sem sentidos? De imaginar situações loucas? De imaginar dramas pessoais que me levam a uma catarse? Cadê o momento choro-purificação semanal? Cadê as danças noturnas no pijama? Onde está o momento de ouvir o barulho das folhas secas sob os pés? Onde estava cada pequena coisa que me fazia eu, pelo menos para mim. Era como se eu fosse só um corpo, cumprindo suas tarefas. Uma casca oca. Muitas coisas precisaram acontecer para eu perceber o quão perdida eu estava (e ainda estou). E tentar retomar cada pequena ação diária que faz eu me sentir tão bem. É engraçado pensar isso porque com toda essa febre de signo, eu diria que é contra minha natureza pisciana não sonhar, não me abstrair da realidade. Eu diria isso, claro, se eu acreditasse nisso. Talvez tenha sido um processo de adaptação a novas realidades, responsabilidades, a aprender a lidar com a solidão de ser um humano.