domingo, 13 de outubro de 2013

Uma Sofia a mais

           Sinto-me escorregando pela pelagem do coelho. Os olhos do grande mágico agora são apenas uma lembrança distante. Quanto fito o local onde deveriam estar, já não há mais estrelas, ou céu. Pouco a pouco tudo se torna branco. Vejo a base cada dia mais próxima. É desconfortável estar no meio do caminho. Tento subir, mas é uma escalada de difícil. Tão mais cômodo seria deixar-me levar. Entretanto, conforto é um lugar perigoso também. 
           Todos esse pelos não permitem uma visão clara. Parece tão ruim não saber o truque do qual fazemos parte. Em que palco estamos? E, no entanto, se isso nos fosse revelado, que graça teria essa jornada? Talvez, ela nem existisse. Parece inconcebível uma vida sem questões a serem respondidas. Por isso me agarro firme aos pelos. Não posso cair. Somente algumas respostas ou mais perguntas poderão me oferecer a razão que necessito para continuar. Mas não se aborreça comigo, grande Mágico, por eu tentar descobrir como tudo se passa. Pode ser em vão, mas eu preciso descobrir se estou dentro da cartola.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Porque não são apenas sonhos

      

    Lia a tantos dias, que já nem lembrava quem eu era. Estava imersa naquilo, com um misto de fascinação e raiva. O céu estava lindo lá fora, mas eu não podia sair. Mesmo assim, eu me dedicava. As minhas causas haveriam de ser maiores que o meu bem-estar momentâneo. Pelo menos era o que eu pensava. Então, veio a notícia...
     Não dava para saber a causa do meu desnorteio. Era a notícia em si, as consequências irreparáveis na vida alheia ou a quebra da rotina na minha? Não sei. O fato é que eu parei. Aquilo não dizia respeito a mim, mas tinha a ver com vidas. E vidas se quebram mais fácil do que pode parecer.
     Lágrimas surgiam nos meus olhos. Não era a minha dor ali. Mas havia tristeza no ar. A vida é valiosa. E eu estou pronta para a minha. Essas lágrimas que escorrem são a prova que eu precisava. Eu sou capaz de amar. E você?

     Eu sou capaz de viver por mim. Então, só precisamos ir, sem “mas”. Vamos por aí descobrir o mundo. Sair, apesar de tudo. Os planos vão se concretizar no que depender de mim. Sei disso porque nunca fui do tipo que faz lista de desejos. Nem do que se comove tão facilmente. Mas hoje eu chorei de um modo sincero. E percebi que são apenas desculpas me impedindo de partir. Vou comprar uma mochila e colocar um sonho na estrada.