Sinto-me escorregando pela pelagem do coelho. Os olhos do
grande mágico agora são apenas uma lembrança distante. Quanto fito o local onde
deveriam estar, já não há mais estrelas, ou céu. Pouco a pouco tudo se torna branco. Vejo a base cada dia mais próxima. É desconfortável estar no meio do
caminho. Tento subir, mas é uma escalada de difícil. Tão mais cômodo seria
deixar-me levar. Entretanto, conforto é um lugar perigoso também.
Todos esse pelos não permitem
uma visão clara. Parece tão ruim não saber o truque do qual fazemos parte. Em
que palco estamos? E, no entanto, se isso nos fosse revelado, que graça teria
essa jornada? Talvez, ela nem existisse. Parece inconcebível uma vida sem
questões a serem respondidas. Por isso me agarro firme aos pelos. Não posso
cair. Somente algumas respostas ou mais perguntas poderão me oferecer a razão
que necessito para continuar. Mas não se aborreça comigo, grande Mágico, por eu
tentar descobrir como tudo se passa. Pode ser em vão, mas eu preciso descobrir
se estou dentro da cartola.