quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Palavras medíocres

           Nunca sabemos o que falar, para ser bem sincera. Sempre fui da opinião de que sentimentos são grandes demais para caberem em palavrinhas tão poucas. No fim, de que elas valem mesmo? São apenas uma dentre as inúmeras formas que temos de expressar a importância de algumas pessoas em nossas vidas. Assim, chego à conclusão que serão proferidas medíocres palavras, numa vã esperança de poder expressar algo.
           Você? Não sei. Não dá para definir, não dá para explicar. Aliás, sempre essas são as pessoas mais interessantes. Não conseguimos entendê-las. Acho você assim (todo mundo é, na verdade). Mas acho você mais. Paradoxal, até. O que por um lado é bacana.
           Sei lá. Estou muito cansada agora. Porém não dava para deixar para amanhã. Aquela história de pensar no presente, sabe?
           O que estou tentando dizer é que se existem pessoas que tem o dom de mexer com nossas vidas você é uma delas. Agora, sinto como se você estivesse partindo. Acho que está. E só queria agradecer sua presença iluminando meus dias, você me protegendo (embora aqui faça uma ressalva: nossos conceitos de proteção são bem diferentes) e estando ao meu lado em momentos que talvez não tenham sido os meus melhores como pessoa.
           Então que fique dito: te desejo tudo de bom. De verdade. Que você encontre, antes de tudo, felicidade nas suas escolhas; já que elas lhe pertencem totalmente. Não existe o certo e o errado quando o assunto é esse. Há apenas o bom ou ruim para nós.
           Que você realize teus sonhos. Um beijo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A palavra e o sentimento.. Ah, o amor!

       Ah, o amor!
             Eu realmente acredito no amor. Mas no amor sentimento e não no amor palavra. Meio confuso? Pois eu explico, quase de maneira metalinguística.
              Eis que hoje, andando pelos aposentos da minha casa, quando na verdade deveria estar estudando, pego-me tendo devaneios acerca do significado que a palavra amor tem na sociedade moderna. Minha conclusão é que essa palavra não tem o menor valor. Porém, repito: a PALAVRA, não o sentimento.
              Há um certo tempo, principalmente com a massificação da Internet, convencionou-se   "amar" todo mundo. Que lindo sentimento! Não fosse isso mais que uma mera "modinha". E assim, "eu te amo" virou "bom dia boa tarde oi como vai você?". Tudo no mesmo pacote. Adicione-me numa rede social e ganhe de brinde... Meu amor!
              Entretanto, o que me sufoca, verdadeiramente, é que fugir da moda é impossível. Não que eu seja contra seguir tendências, até porque dificilmente conseguiria, mas até ser contra-modinha tornou-se uma moda.
               Assim, surgiu uma outra corrente: não diga "eu te amo" ou morrerás na fogueira. Confesso, por um bom tempo pertenci a essa parte. Agora, tento me desvincular dessas ideias pré-concebidas, tentando me emancipar como ser humano - processo longo, possivelmente infindo.
               O fato é que vi tanto desconhecidos quando pessoas da minha mais alta estima desacreditando do amor. Por um tempo até achei isso natural. Hoje, porém, me assusta a constatação de tal pensamento.
               Eu me incomodo com ambas perspectivas supracitadas e justamente por isso queria me refugiar o mais longe possível delas. Como sair do planeta não me parece viável no momento, tentei encontrar definições ou respostas que satisfizessem esse desejo. 
               Cheguei a uma conclusão, não definitiva, que não posso definir o amor. Seria injusto com ele e comigo. Porque não dá para colocar algo tão grande em palavras insignificantes e que não têm valor algum, especialmente no mundo de hoje. Pensei que as pessoas que eu mais amo, são aquelas para as quais eu menos manifesto o meu afeto - e, quando o faço, em geral soa forçado, até fingido. Quem eu amo não precisa das minhas palavras, assim como o contrário também é verdadeiro.
                  Dessa maneira, parafraseando uma das minhas professoras, chego a conclusão que, realmente, pode ser que o amor seja a única razão da vida!

Carta para um anjo em minha vida

      É meu caro D. andei pensando na nossa conversa. Você estava certo. Basta nossos corações serem partidos uma única vez e está tudo perdido. Recolhemo-nos dentro de nós mesmos. E nessa solidão "forçada" crescemos. Inevitavelmente, isso acaba sendo fatal.
        O tempo passa e esse sentimento só se agrava. Surgem dúvidas e incertezas que machucam. Instalam-se aqui dentro e recusam-se a ir embora, por mais que se tente convencê-las.
       Claro que o processo tem seus lados bons: além de "filtrar" muitas coisas ruins da nossa vida, ensina-nos a identificar o mal, onde quer que ele esteja.
      Creio, contudo, que esse último ponto causa muito estrago. Pelo menos em mim causou. Saber o que é bom ou ruim nos torna obsessivos. Vemos a mentira até onde não há. E todos são culpados, até que provem o contrário.
        Agora, talvez, seja muito tarde, mas do fundo do meu coração desejei ser o mais alienado de todos os seres. Acho que, pelo menos assim, poderia veemente ignorar a mim.
       Queria ingenuidade suficiente para acreditar que as coisas vão melhorar. Não vão. Não enquanto não me resolver com uma certa pessoinha, que mora em mim, que controla a mim. Porque sim, nem eu compreendo o que ela quer.
       Por fim, só queria dizer que refleti profundamente sobre o que foi dito. Você me faz muita falta. Você entende. Mas apesar de todas as dúvidas, decidi o que fazer. Eu sempre fui meio boba mesmo. Agora eu vejo o certo. O melhor é ser fiel aos meus ideais, mesmo que isso me custe muito mais. Muito obrigada.

                                                    Da sua amiga que te ama, profundamente,
                                                                                                                                 Nize.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Devaneio da meia-noite


No silêncio da noite, enquanto ele dormia, ela chorava baixinho. Tentava conter, em vão, o pensamento sobre aquele dia. Quando ele contou alegremente, sobre o motivo da desgraça dela. Coitado. Não sabia. Mas ela sentiu. E jurou que havia acabado para sempre. Miserável. Acreditava que podia controlar aquele sentimento indomável. Pobre atormentada.

Ao amanhecer, levantou como se nada tivesse acontecido. A noite passada, cheia de lembranças, nunca existiu, afinal. Com o nascer do sol, renasceu a esperança: talvez pudesse agora livrar-se daquela sensação de dependência.

Seguiu para o trabalho alheia a vida. Ignorava tudo e todos a sua volta. Estava imersa em pensamentos e sonhos. As coisas poderiam ter sido muito diferentes. Não foram. Uma lástima. Mas nada que valesse uma vida de sofrimento.

No trabalho, preparou um sorriso. Sim, preparou. Como se prepara um bolo, passo a passo; como se prepara roupa maquiagem cabelo antes de uma festa. Preparou o rosto. Eram todos tão indiferentes... Ninguém perceberia. Melhor assim. A dor seria sua, só sua. E ninguém iria interferir. E à noite poderia voltar a chorar baixinho, imaginando se alguém um dia perceberia.