Estou presa. Imobilizada em um canto qualquer. Não consigo ver
um palmo a minha frente. Não posso respirar esse ar tão sujo. Morro dentro de
mim, sem que ninguém veja. Sorrisos indicam que está tudo bem não é mesmo? Há
tanta coisa em jogo e ainda sim eu me nego a prosseguir. Droga, você já passou
por tantas coisas. Por que isso agora? Eu não sei. Estou amarrada, mas não há
correntes, nem cordas ou algemas. O que me prende? Eu tentei fugir, mas o que
restou, renegou-me. A vida me enche, a morte me fascina. Não, não é pensamento
suicida. Apenas algumas ideias... Talvez só a morte possa nos dar a liberdade
que bravamente buscamos todo o tempo.
Eu quero ser, mas sinto que não posso. É impossível ser eu
agora. Talvez as máscaras sejam faces mais apropriadas. Eu nunca quis dançar
essa música, mas me lançaram ao palco. Dance, você será avaliada e disto
dependerá o resto dos seus dias miseráveis. Eu descobri o quanto dançar pode
ser maravilhoso. Ah, é a música que não combina comigo. O ritmo não é o meu. Porém eu
já não posso parar. Continue ou estará fora do jogo, eles dizem. Diminuí a
velocidade, ouvindo uma música que tocava na minha mente. Tentando achar um
movimento que torne agradável tudo isso. O resultado disso é que recaíram
tantas acusações, tantas falhas sobre mim. Eu não estou pronta para esse
jogo.
Tudo que eu sempre quis foi ser boa o suficiente. Agora já
não tenho certeza se sou ou se posso ser. Acabaram as brincadeiras. Esse é o
mundo dos adultos, tão feroz. Aqui, as palavras de ordem são: responsabilidade
e hipocrisia. Estou numa ilha. Até quando permanecerei fiel a mim?