Andava lentamente, tentando se aquecer. O sol brilhava forte, alto. Ainda assim, fazia um frio terrível. Então, ela o avistou descendo uma colina. Quando o vira pela última vez mesmo? Não podia ter certeza da data exata, mas lembrava que havia churros deliciosos naquele dia.
Ele estava a sua frente, a alguns passos. Ela prosseguiu no seu ritmo, quase certa que seus caminhos se cruzariam. E se cruzaram. Numa geografia distorcida (ou será o tempo ou talvez a distância?), ele a viu passar metros adiante e se precipitou. Moça. E ela voltou, não apenas a face para o rapaz, mas o coração cuja existência já desconhecia.
Caminharam por um tempo se re-conhecendo. Ele não se lembrou dela. Entretanto, ela recordava de momentos que ele nem imaginava terem existido. Pela primeira vez, estava sendo vista. E mais que isso: ouvida.
A moça não conseguia escolher palavras quando aquele sorriso a encarava. Francamente, ela mal conseguia andar. Estava desnorteada por aquele encontro inesperado. Ele era mais do que imaginado. Sua natureza parecia pura, entretanto misteriosa. Quem era ele? Podia ser isso o que mais a fascinava.
Se despediram com um abraço apertado como dois velhos amigos. Até amanhã. Era o que parecia estar nas entrelinhas. Mas quanto tempo duraria o amanhã?
O rapaz se virou, cansado, e partiu. A moça se virou e sorriu.