terça-feira, 12 de junho de 2018

Sous le ciel de Paris






Ali, deitada sobre uma manta florida, ao som de sua playlist preferida, semicerrou os olhos. Ainda podia ver a luz laranja do entardecer invadir o quarto, dando a ele um aspecto quase místico. Seria um dia adequado para acender um incenso, mas não havia nenhum por ali. Deixou a música envolvê-la e mergulhou num som cada vez mais distante, até que seus olhos se fecharam completamente.
Sentado numa fonte em Paris, ele observava a cidade. Quem eram aquelas pessoas? Fechou os olhos por alguns segundos, mas, de alguma forma, havia escurecido. Uma brisa leve balançou seus cachos e se emaranhou por entre sua barba. Por mais que aquele olhar observasse o mundo, o que ele realmente observava era o próprio interior. A solidão era gostosa e dolorosa demais. No fone de ouvido, uma música tocava... meu amor, essa é a última oração
para salvar seu coração. A música se tornou mais alta e parou de repente. Ainda pensava sobre o sonho que acabara de ter. Ela tateou no escuro, em busca de realidade. Mas havia transcendido. Ou talvez sido parte de um sentimento que perpassou situações, pessoas, continentes e tempo. Que mudou, se adaptou e agora vive como parte do quem era. 
O celular notifica uma mensagem. Um rapaz, sob o céu de Paris, digitou:  “advinha com o que sonhei?”. 
É, eu sei.